The_Door_Hell

Tuesday, June 22, 2004

Demonologia Medieval

O período medieval é considerado como "os séculos das trevas" em
função de uma série de fatores ligada, principalmente, a uma
estagnação do pensamento científico. Muitos autores estabelecem uma
relação entre essa estagnação e a Igreja Católica, pela sua
influência conquistada ao final do Império Romano e que perdurou por
vários séculos, sobretudo na Europa. Os acusadores da Igreja citam
os sentimentos pouco religiosos, a intolerância e o obscurantismo
intelectual disfarçados nos preceitos extraídos de dogmas
religiosos.
A influência da Igreja, aliada a uma série de outros fatores
(guerras, pestes, etc.) fizeram da Idade Média um período bastante
particular na história humana. A magia passou a ser proibida em
quaisquer de suas formas; a Astrologia também não era admitida, pois
defendia determinados princípios astrais não diretamente vinculados
a Deus. Todo e qualquer estudo, raciocínio ou conclusão deveria
estar em consonância com os dogmas vigentes. E tudo que não
estivesse dentro daquela realidade era, naturalmente, apontado como
contrário a Deus e, conseqüentemente, oriundo de demônios.
Talvez por extrema insatisfação com o contexto cultural, talvez como
forma de liberação de tensões reprimidas, as práticas chamadas
"demoníacas" difundiram-se por toda a Europa medieval. Os adoradores
do Diabo reuniam-se, secretamente, em assembléias denominadas
"Pequeno Sabat", que ocorriam semanalmente, aos sábados. De cinco em
cinco anos, acontecia o Grande Sabat, uma festa maior e mais
variada. Nessas assembléias praticava-seuma espécie de anti-missa: o
Diabo era representado por um animal (bode, sapo, etc.) e havia
rituais com defumações com ervas e manuseio de excrementos (fezes,
urina e sangue menstrual). Muitas dessas "missas negras"traziam no
lugar do altar uma mulher nua, com as pernas abertas, expondo à
"adoração"seus órgãos sexuais. Percebe-se, claramente, em muitos
desses rituais o fator "sexo" associado. Talvez fosse uma forma de
se lidar com a "repressão" sexual imposta pela Igreja, que defendia
ser o sexo instrumento da procriação, ou seja, desprezando o aspecto
"prazer" que o sexo poderia proporcionar.
Durante os rituais "negros" havia a distribuição de prêmios àqueles
que tivessem sido suficientemente "maus"e, muitas vezes, eram
castigados os membros de conduta contrária. No decorrer das reuniões
ia ocorrendo uma grande "histeria"coletiva que culminava com uma
grande orgia onde todos participavam. Durantes essas crises
histérico-epiléticas muitas vezes ocorriam predições.
Em resposta à difusão desses rituais, a Igreja reagiu violentamente.
Instituiu os tribunais da Inquisição para julgar os indivíduos
acusados de adoração aos demônios ou de praticarem a bruxaria. Esses
tribunais acusavam e julgavam pessoas baseados em provas
consideradas, no mínimo, suspeitas. Por exemplo, dentre os sintomas
médicos capazes de identificar "seguramente" um endemoniado
encontramos: quando a doença não era conhecida ou descoberta;
doenças inconstantes e incontroláveis; cólicas e sensações de frio
ou calor pelo corpo; ver fantasmas; ter ataques epiléticos,
perturbações ou sustos sem causas aparentes. Bastava ter um ou mais
destes sintomas, entre outros, para que o "pobre diabo" não
escapasse da acusação de estar mantendo vínculos com demônios.
As acusações legais capazesde inculpar alguém por heresia ou magia
eram , aproximadamente, quinze. Bastava uma denúncia anônima ou uma
simples suspeita para que o denunciado sofresse maus tratos nas mãos
dos inquisitores, não raro sendo morto, comumente queimado. Muitos
autores observam que a Inquisição, pelas características de sua
atividade e pelo seu "modus operandi" era um excelente instrumento
de combate aos opositores do Catolicismo. Eis as quinze acusações:
01. Renegar Deus;
02. Basfemá-lo;
03. Adorar ao Diabo;
04. Consagrar filhos aos demônios;
05. Sacrificar os filhos;
06. Consagrar os recém-nascidos aos demônios;
07. Fazer prosélitos a Satanás;
08. Jurar em nome do Diabo;
09. Não respeitar alguma Lei ou cometer incesto;
10. Matar, coser e comer seres humanos;
11. Alimentar-se de carne humana, mesmo não sendo o responsável pela
morte;
12. Envenenar e matar pessoas por meio de sortilégios;
13. Matar o gado;
14. Causar esterilidade;
15. Escravizar-se ao Diabo.
O culto ao Diabo parece ter alcançado proporções tão fantásticas que
Jean Wier, em sua obra DE PRESTIGIIS (1568), afirmava que o Império
do Mal reunia "72 Príncipes e 7.405.926 demônios, divididos em 1.111
legiões e cada legião possuía 6.666 soldados".
Mássimo Inardi, em "História da Parapsicologia", relaciona os nomes
dos demônios mais conhecidos na Idade Média:
ABRASSO ou ABRACAN: (daí se deriva a palavra ABRACADABRA) tinha às
suas ordens 365 gênios, um para cada dia do ano;
ADRAMELEK: o grande chanceler do Inferno;
ANDRES: o Grande Marquês infernal;
ALASTOR, AGNAS e ALOCERO: Grãos-Duques;
ASMODEU: grande jogador, protetor das casas de jogo ( atribuí-se a
ele a tentação à Eva);
ASTAROTH: um dos mais conhecidos e poderosos;
BEHEMONT, ISSACHAR e BALAAN: responsáveis pelos endemoniados de
Loudun;
BEL: demônio dos caldeus;
BEELZEBUTH: um dos príncipes infernais. Alguns autores afirmam que é
o supremo chefe dos demônios;
BELIAL: o mais corrupto dos demônios;
CARONTE: do Inferno de Dante;
LEVIATÃ: Grande Almirante infernal;
LÚCIFER: Rei do Inferno;
MALPHAS: Presidente da Corte infernal;
SANTANÁS: personificação do mal.
Malleus Malleficarum
Um manual publicado por dois padres dominicanos alemães, Heinrich
Kramer e Jacobus Sprenger, tornou-se famoso por orientar os
inquisidores na caça às feiticeiras. Escrito no final do século XV,
o MALLEUS MALLEFICARUM ( Martelo da Bruxaria, em latim) trazia uma
pesquisa apurada a respeito dos métodos utilizados pelos demônios
para seduzirem os seres humanos. Capítulos como "Do meio de fazer um
pacto formal com o Diabo" ou "Os métodos para destruir e curar a
bruxaria" fizeram desse livro a literatura preferida dos Juízes da
Inquisição.
Ìncubos e Súcubos
Além de todos os "problemas"habituais causados pelos demônios, os
mesmos podiam, ainda, assumir as mais diversas formas para se
relacionarem sexualmente com os seres humanos. Podiam assumir a
forma de parentes, namorados ou cônjuges das vítimas, ou,
simplesmente, de forma invisível, possuírem sexualmente a vítima.
Esses demônios eram chamados de Íncubos e Súcubos. Os Íncubos se
apossavam de mulheres e, os Súcubos, de homens.
Analisando a literatura da época chega-se à conclusão que, muitas
vezes, esses diabetes foram bodes expiatórios para situações meio
irregulares como mães solteiras, moças desvirginadas, filhos
ilegítimos, namoros proibidos, traições inconfessáveis, etc. É o
caso de um bispo que, ao ser acusado de violentar uma freira,
afirmou ser o efeito das "travessuras"de um íncubo que assumira sua
forma...


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